Os deputados estaduais Lúdio Cabral (PT) e Dr. Gimenez (PV) apresentaram uma moção de repúdio contra o deputado federal Nelson Barbudo (PSL), nesta segunda-feira (17). Os deputados reprovaram a declaração do parlamentar a respeito do bispo Pedro Casaldáliga, sepultado na última quarta-feira (12). Segundo Barbudo, o lugar de Dom Pedro é no inferno "como todo comunista".
“Dá vontade de vomitar e nem tratar desse tipo de assunto, mas não podemos nos silenciar diante do tamanho da agressão. Pedro Casaldáliga era um símbolo, tinha uma mente que conseguia explicitar as contradições e desigualdade do nosso mundo e não merece ser atacado depois de morto de uma forma tão covarde por um deputado federal”, afirmou Lúdio.
O deputado estadual Dr. Eugênio (PSB) também manifestou repúdio às declarações feitas no último fim de semana pelo deputado federal Nelson Barbudo acerca do bispo emérito da Prelazia de São Félix do Araguaia (1.153 km), Dom Pedro Casaldáliga, falecido aos 92 anos no último dia 08 de agosto.
“Podemos gostar ou não da ideologia do Dom Pedro. É um direito nosso, mas a forma como foi colocada a opinião do deputado agrediu todos nós do Araguaia, agrediu toda a comunidade católica de Mato Grosso e acredito que todos os cristãos se sentiram agredidos pela forma covarde como ele falou. Esse deputado está em um ostracismo político tão grande que usou desse artifício para ganhar notoriedade. Fica aqui o meu repúdio e a minha indignação como representante do vale do Araguaia a esse parlamentar e espero que a Assembleia Legislativa e os sete deputados federais de Mato Grosso se unam em um coro único contra esse cidadão que diz representar o Vale do Araguaia”, declarou.
Gimenez reforçou as críticas a Barbudo. “Essa moção de repúdio tem o meu apoio. Precisamos lembrar que não foi tanto o tamanho, mas a qualidade da agressão vinda de um representante de Mato Grosso. Ofendeu toda a comunidade católica. Dom Pedro não merece isso”.
O bispo do povo
Internado em Batatais, em São Paulo, o "bispo do povo" morreu no último dia 8, em decorrência de complicações respiratórias. O corpo foi transladado para Mato Grosso para realizar o último desejo de Casaldáliga, ser sepultado às margens do Rio Araguaia, no cemitério indígena dos Karajás.
Durante a Diatura Militar, chegou a ser expulso do Brasil, mas não desistiu de sua missão em Mato Grosso, para onde veio em 1968 e foi ameçado de morte por diversas vezes por pregar contra os grandes latifúndios.
Em 2005, o primeiro prelado de São Félix, pediu aposentadoria ao Vaticano e se tornou bispo emérito. Poeta nas horas vagas, Casáldaliga nunca deixou de falar pelos pobres.
(Com Assessoria)