Em depoimento à Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), Geovane Ferreira Sodré, 27 anos, um dos sobreviventes do confronto com policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope), detalhou a dinâmica em que os fatos que ocorreram na data em quadrilha planejava roubar R$ 500 mil, ouro e pedras preciosas da chácara de político em Cuiabá.
A ocorrência aconteceu no 29 do julho, no bairro Itamarati. No conflito, morreram Gabriel de Paula Bueno, 20 anos, Jhon Dewid Bonifacio de Lima, 22, Andre Felippe de Oliveira silva, 24 e Willian Dhiego Ribeiro Moraes, 37, Leonardo Vinícius Pereira de Moraes, 24, e o policial militar Oacy da Silva Taques Neto, 30.
Em depoimento à polícia, Geovane explicou que no dia 29 de julho, Willian Dhiego (Pitter) buscou ele e os comparsas na residência de cada um deles, por volta das 4 horas, em um Toyota Corolla blindado. “Na data dos fatos, Pitter passou na casa do depoente por volta das 4h00, buscou Rogério, estando no veículo Corolla, após passarem na casa do Leonardo, se encontraram com Oacy na rua próximo casa de Leonardo”, afirmou.
Além do Corolla, um Fiat Uno também participou da ação e transportava outra parte do grupo criminoso. Os veículos seguiram pela Avenida Historiador Rubens de Mendonça e pararam em frente ao estádio Verdinho, onde encontraram com o segurança do político, que “intermediava” o repasse das informações sobre o assalto através de Jhon Dewid.
“Estavam no veículo Corolla, Pitter dirigindo, Oacy no passageiro, Gabriel e Rogério e o depoente atrás. No Uno estavam Leonardo Vinicius, Deived e uma pessoa vulgo Piu Piu. Que encontraram com segurança que estava no veículo Fox, cor vermelha, por volta das 5h da manhã. Que ao chegar não desceram do veículo Corolla e o FOX já estavam aguardando”, cita outro trecho do depoimento.
Geovanni disse não ter visualizado o rosto do segurança, somente parte do braço que estava para fora do carro. “O Fox parou ao lado e disse 'segue eu', que o depoente não viu o rosto desse rapaz, viu apenas o braço dele, mas era forte e negro”, descreveu.
Em seguida, o Corolla, o Uno e o Fox que era conduzido pelo segurança seguiram em direção à chacára. Segundo Geovane, ao entrarem na estrada de chão, o Fox se distanciou dos dois veículos e o disparos iniciaram.
“Após entrarem na estrada de chão, o Fox seguia na frente bem pertinho do Corolla e o UNO atrás, que o motorista do veículo Fox acelerou e o foi embora e os disparos começaram, sem saber da onde estava vindo os disparos, sendo surpreendidos”, explicou.
Geovani afirmou também que o primeiro disparo acertou Pitter, que conduzia o Corolla, e em seguida Gabriel. Na sequência, os demais ocupantes do veículo também foram atingidos. Segundo ele, não era possível visualizar nenhuma viatura na estrada e nem de onde eram feitos os disparos.
“O depoente [Geonvane] disse que não visualizou de onde vinha os disparos. Que não havia nenhuma viatura na rua e não teve nenhuma ordem de parada emitida pela polícia”, detalhou.
Ainda segundo a narrativa, durante a troca de tiros, Geovane e um segundo sobrevivente, que foi identificado como Rogério da Cruz Liberatori, 24 anos, conseguiram fugir do local por uma região de mata. Eles atravessaram um córrego e ficaram escondidos numa chácara, onde continuaram ouvindo os disparos.
“Depoente abriu a porta do passageiro e saiu correndo, passou pela cerca de arame, que a arma que estava na cintura caiu. Que o depoente e Rogério correram para o mato e ainda escutavam os disparos”, disse.
No fim da narrativa, Geovani comentou ainda que os dois foram socorridos 20 minutos depois por um veículo branco e levados para a policlínica. Disse também que não conhecia os demais comparsas mortos durante o conflito. “Que um veículo branco desconhecido prestou socorro [...] Que o depoente recebeu um disparo no joelho, e nas costas, estilhaços na panturrilha e no rosto. Que o depoente não conhece as vítimas envolvidas”, concluiu.
