O deputado estadual e médico Lúdio Cabral (PT) defende a realização de pesquisas de inquérito sorológico em Mato Grosso para determinar a extensão da contaminação da população e, com isso, planejar melhor as ações de combate à pandemia da doença no Estado. De acorco o o deputado, a estimativa hojé que pelo menos 300 mil mato-grossenses já tenham sido contaminados pelo novo coronavirus. Isso é pelo menos dez mais casos que a contagem oficial do Governo. Porém, como a maioria dos casos a doença se aprensenta na forma leve ou moderada, segundo o deputado, a maioria das pessoas sequer ficou sabendo que contraiu e se curou a doença, e já têm anticorpos.
Durante entrevista à Rádio Nativa FM, Ludio Cabral reiterou o que disse o secretário de Estado de Saúde, Gilberto Figueiredo, a e que há subnotificação de casos de Covid-19 em Mato Grosso. O parlamentar pontuou que os inquéritos sorológicos são a melhor forma de analisar a curva de casos existentes no Estado, uma vez que muitos infectados não evoluem para os quadros mais graves da doença. Lúdio também defendeu o isolamento social como forma de frear o contágio e dar folêgo ao sistema de saúde.
O médico esclareceu que diversas instituições renomadas tem acompanhado a situação epidemiológica do coronavírus no país, como é o caso da Universidade Federal de Pelotas (UFPEL) e da Universidade de São Paulo (USP). Pelos estudos, segundo Lúdio, é possível afirmar que os números reais em Mato Grosso sejam cerca de 10 vezes maiores que os notificados pela Secretaria de Estado de Saúde (SES-MT).
“A fala do secretário de Saúde está correta, nós temos em Mato Grosso hoje provavelmente mais de 300 mil casos de Covid-19. A USP projetava no dia 06 de julho mais de 80 mil pessoas contaminadas em Cuiabá”, afirmou o médico durante a entrevista à Rádio Nativa, nessa quinta-feira (16).
Lúdio também explicou que o maior problema em relação à Covid-19 é o universo de pessoas susceptíveis à doença, em decorrência da alta taxa de contágio do vírus. Dessa forma, a parcela de 15% dos infectados que precisam de internação hospitalar representa um número absoluto expressivo.
“Por isso estamos com o sistema de saúde colapsado. Hoje temos 500 pessoas internadas nos hospitais públicos e privados de Mato Grosso com Covid-19 e uma fila de dezenas de pessoas aguardando uma vaga para ser internada porque esse número absoluto produz impacto no sistema de saúde”, alertou.
O médico ainda pontuou que, nos atendimentos remotos que tem realizado desde março, pôde perceber um aumento no número de pessoas que tiveram a doença e não desenvolveram sintomas graves.
“Tem muitas pessoas que fazem o teste sorológico e já tem anticorpos, já passaram pela infecção e nem perceberam que tiveram a doença. Isso é muito positivo, por um lado 85% tem a forma leve da doença, o problema é o tamanho do universo susceptível, o número de pessoas infectadas”, reforçou.
Questionado em relação à necessidade do isolamento social, uma vez que a maioria das pessoas apresentam sintomas leves, Lúdio reforçou que a medida é a única forma objetiva de frear o colapso na saúde. De acordo com o parlamentar, as restrições implementadas na região metropolitana de Cuiabá foram responsáveis pelo decréscimo na taxa de aumento de casos diários, que variou entre 4,9 e 4,3 entre as semanas epidemiológicas 26 e 28, que correspondem ao período de 27 de junho a 11 de julho.
"Um incremendo de 6% no isolamento social já reduziu a velocidade de crescimento casos diários. Já saímos de uma projeção de 74 mil para 67 até primeiro de agosto, são quase oito mil pessoas a menos infectadas. Com 20% de taxa de internação hospitalar, isso significa menos 1.600 internações e menos 400 pessoas precisando de UTI, o melhor kit covid é o isolamento social", ressaltou Lúdio.
Casos de coronavírus em MT
Mato Grosso registrou 1.181 novas confirmações de Covid-19 nesta quinta-feira (16). Com isso, o Estado alcançou 31.717 casos do novo vírus. Além disso, nas últimas 24 horas foram registradas 39 mortes, totalizando 1.235 óbitos por coronavírus em Mato Grosso. A taxa de ocupação nos leitos de UTI pactuados para o tratamento da doença é de 92%.
