27 de abril de 2025

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Estado descarta testagem em massa e avaliza lockdown em Cuiabá e VG

Cidades 19/06/2020 12:04

Nesta quinta-feira, MPE ingressou com ação na Justiça para "fechar tudo" na região metropolitana

O secretário de Saúde de Mato Grosso, Gilberto Figueiredo, disse que, apesar dos 8.166 casos confirmados e 295 mortes causadas pela pandemia de Covid-19, ainda não há como o Estado realizar testagem em massa da população porque simplesmente não encontra meios de adquirir testes definitivos em quantidade suficiente para atender a demanda. Disse também que por ele, era hora de decretar lockdown em vários municípios.

No entanto, a decisão é atribuição dos prefeitos somente. “Sempre deixamos claro que tem que ter capacidade de avaliação dos testes em massa. E é muito difícil fazer isso através de RTPCR, o melhor para diagnóstico. Mas, não existe capacidade técnica no país para fazer isso em volume substancial. Encontramos, inclusive, dificuldade para testar os casos suspeitos e até mesmo de que já tem sintomas graves aparentes”, expôs, em live via Facebook na manhã desta sexta-feira (19).

Isso foi agravado, explicou, pela rescisão de contrato de locação de equipamentos de análise técnica dos testes por parte do Ministério da Saúde já no segundo mês da pandemia em Mato Grosso. Antes, a capacidade era de 1.500 testes/dia e caiu para 400. “Os equipamentos para isso eram todos alugados pelo Ministério. Com a rescisão do contrato, a empresa bloqueou esses equipamentos que ampliaram nossa capacidade. Estamos em parceria com a Ampa [Associação Mato-grossense dos Produtores de Algodão] para viabilizar o aumento da nossa capacidade, mas já temos aí um atraso de cinco dias no resultado dos testes RTPCR”.

A solução foi tentar comprar 300 mil kits de testes da China para repassar aos municípios para que eles mantenham triagem, numa transação também difícil devido à demanda mundial e ainda sem prazo para se efetivar, e notas recomendatórias ao aumento do isolamento com classificação de risco. “Por isso, prescrevemos medidas de isolamento social mais rígidas nos municípios, que não precisam esperar o Estado para adotar, por exemplo, barreiras sanitárias aonde ainda não tem nenhum caso”.

O gestor da SES anunciou também que não vai mais informar diariamente, via boletim, a classificação de riscos de cada cidade “para evitar desconforto”, já que assim, os municípios poderão ter que alterar os decretos de combate a pandemia diariamente. Estas classificações serão divulgadas duas vezes por semana.

LOCKDOWN

Com a situação cada vez mais difícil na tentativa de parar o avanço da pandemia, Figueiredo considerou o pedido do MPE (Ministério Público Estadual) por um lockdown nas cidades que apresentaram aumento exponencial de casos e redução de leitos como acertada. “O Ministério Público atua em defesa do interesse da população. É lícito que faça essa intervenção e eu gostaria que o lockdown acontecesse. Na verdade, sou a favor disso faz tempo. Vejo com bons olhos. Fechar tudo é uma medida que poderia barrar o crescimento de casos em Mato Grosso. Principalmente agora que os leitos estão quase lotados”, considerou.

Figueiredo, entretanto, afirmou que o MPE criticou parte das medidas de restrição das atividades adotado em março pelo Governo do Estado. Segundo ele, por isso as medidas adotadas pelo Estado são orientativas e não impositivas. “O que eu vou fazer é sentar com nossa equipe técnica e notificar os municípios, mas quero lembrar aqui que no começo da pandemia o próprio Ministério Público criticou algumas medidas restritivas adotadas”, disse.

Ele anunciou uma reunião no Palácio Paiaguás com a equipe técnica e o governador Mauro Mendes (DEM) para avaliar o aumento dos casos e do pedido do MPE pelo trancamento total, feito pelos promotores de Justiça, Alexandre de Matos Guedes e Audrey Ility. Os dois são os responsáveis pela ação civíl pública com pedido de tutela de urgência em trâmite na Primeira Vara da Fazenda Pública de Várzea Grande para obrigar à decretação do lockdown lá e em Cuiabá.

Conforme a tabela de classificação de risco da SES, Cuiabá, Várzea Grande e outros 11 municípios — Alta Floresta; Cáceres, Nossa Senhora do Livramento, Nova Mutum, Pontes e Lacerda, Porto Espiridão, Primavera do Leste, Rondonópolis, Sinop, Sorriso e Tangará da Serra — de Mato Grosso estão com nível de risco muito alto de infecção pelo novo corona vírus. Além dos 8.166 casos confirmados de Covid-19 em Mato Grosso, havia até ontem 367 pacientes internados, 4,5% dops casos confirmados, 2.766 pacientes recuperados e 295 mortes. Na quinta-feira, morreram 24 pessoas e foram detectados 803 casos novos.


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