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Cuiabá (), 25 de novembro de 2025

Nova crise do Enem expõe problema crônico na produção de questões

Artigos Enem 23/11/2025 08:19

O vazamento de questões e a anulação de três perguntas no Enem 2025 expuseram fragilidades estruturais do Inep, como a escassez de itens no Banco Nacional de Questões e a redução de servidores. A crise reforça a necessidade de ampliar e modernizar o sistema para evitar novos incidentes.

A nova crise do Enem, que teve vazamento de perguntas e três questões anuladas, expõe problemas crônicos na produção do principal exame de ingresso ao ensino superior do país. As falhas de 2025, como as de anos anteriores, passam pelo baixo número de questões de provas armazenadas pelo Inep, o instituto ligado ao Ministério da Educação (MEC) que é responsável pelo Enem.

 

Uma das razões para a dificuldade de ampliar a quantidade de questões é a própria falta de estrutura -e essa ampliação é considerada essencial para reduzir o risco de incidentes como o deste ano. O número de servidores do órgão caiu ao longo dos anos, e suas atribuições aumentaram.

 

Uma auditoria interna do Inep de 2023 falou em "problemas crônicos relativos à quantidade e à qualidade" das questões e da necessidade urgente de modernização do sistema tecnológico dessa área do Enem.

 

Procurado, o Inep não detalhou o tamanho do banco de questões e afirmou que está fazendo contratação de pessoal.

Vale resumo da crise deste ano: um estudante de medicina, Edcley Teixeira, que se apresenta na internet como consultor educacional e tem quase 37 mil seguidores no Instagram, antecipou, em uma live, dias antes das provas de matemática e ciências da natureza do Enem, ao menos três questões que caíram no exame -com um detalhe ou outro de diferença, o conteúdo era praticamente igual. O fato viralizou nas redes, e o MEC, comandado pelo ministro Camilo Santana, decidiu anular as questões.

Ele afirmou ter participado do Prêmio Capes Talento Universitário, prova feita para alunos do primeiro ano de graduação, em que os melhores colocados ganham R$ 5.000. Disse que ficou sabendo pelo livro "O Roubo do Enem", da jornalista Renata Cafardo, que esse prêmio era usado para testar previamente questões que são posteriormente utilizadas em provas do Enem. Cafardo foi responsável, em 2009, pelo furo de reportagem sobre o furto de cadernos de provas do Enem da gráfica onde o exame havia sido impresso.